segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"A Feira" emociona músico no Teatro Ipanema

No dia 11 de agosto, após a segunda apresentação da temporada de "A Feira", no Teatro Ipanema, o ator e produtor do espetáculo Reginaldo Celestino recebeu de uma pessoa da plateia um comentário interessante sobre o texto, cenário e personagens, destacando a atuação de Prazeres Barbosa. Leia na íntegra:

Prezado Reginaldo

Foi com muita alegria que voltei ao Teatro Ipanema desta vez como público, para assistir a peça A FEIRA, depois de mais de 20 anos. Tive nesse pequeno e charmoso palco carioca minhas primeiras emoções como músico profissional, bem ali num pedaço bem especial de Ipanema, que era também onde frequentava (e ainda frequento até hoje) a sua praia no posto nove (mais pra lá ou mais pra cá, tanto faz).

Primeira cadeira da segunda fila, me fez sentir que o espetáculo tinha sido feito especialmente para mim tal era a proximidade com o palco e os atores. E me transportei pra dentro da Feira como se tivesse ido às compras numa manhã de um sábado qualquer do agreste nordestino (que bem poderia ser sertão).

Era visível ver a paixão dos atores pelos seus personagens, pela sua história. Quem escreveu a peça conhece muito bem o assunto e soube utilizar a feira como uma metáfora do Brasil para fazer um painel do nosso povo, com sua riqueza cultural e sua peculiar característica de saber tirar da desgraça a alegria, do sofrimento a sua graça.

A comédia, que bem poderia ser uma tragédia, está na maravilhosa forma como foram criados os tipos tão nordestinos e seus conflitos, seus dramas pessoais que na verdade refletem a triste realidade do brasileiro e sua luta pela sobrevivência.

Com um cenário simples, único e belos figurinos e adereços, igualmente simples e funcionais, a grandeza de Prazeres Barbosa torna pequeno o palco do teatro já de modestas dimensões e esbanja todo seu talento que transborda na platéia e irradia sua força aos demais atores-personagens fazendo isso sem lhes roubarem a cena. Pelo contrário, dando-lhes brilho e vigor.

Uma noite memorável que me fez sair de Ipanema quase na Vinicius de Moraes com a Nossa Senhora da Paz e me transpor ao maravilhoso universo de outras praças, outras igrejas e muitas outras Nossas Senhoras. De Sant´Ana, do Carmo, das Dores, de Aparecida...Obrigado, Reginaldo. Pude visitar Bom Jardim-PE e seus afluentes culturais sem sair da minha cadeira em Ipanema neste dia. E depois o táxi me trouxe de volta ao meu exílio na minha cidade que também é de São Sebastião, só que do Rio de Janeiro.

Juliano Barbosa

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