segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Prazeres Barbosa lança biografia. Confira entrevista exclusiva

Prazeres Barbosa é daquelas pessoas que correm atrás de seus objetivos. Prestes a completar 61 anos, no dia 2 de outubro, ela garante que se sente como se tivesse apenas 16. Há três anos morando no Rio de Janeiro, onde é contratada pela Rede Globo, Prazeres venceu o preconceito depois de ter ingressado tardiamente na carreira de atriz. Começou nas artes cênicas aos 32 anos, depois de 25 anos trabalhando como professora em Caruaru, sua cidade natal. É lá, onde veio passar a semana e rever parentes e amigos, que será lançada sua biografia, no Teatro Rui Limeira Rosal, do Sesc, nesta quinta, às 19h.

Prazer em conhecer, escrita pelo jornalista Fernandino Neto e editada pela Bagaço, conta um pouco da trajetória de batalha de Prazeres, que estará no filme Tropa de elite 2, a ser lançado em outubro; no seriado Afinal, o que querem as mulheres?, dirigido por Luiz Fernando Carvalho e na próxima novela das sete da maior emissora do país, na pele de Durvalina. "Faço parte do núcleo da família do gerente do banco. Deve ser uma nordestina, pois nunca ninguém exigiu que mudasse meu sotaque", conta.


O livro também será lançado nesta sexta, no Galpão das Artes, em Limoeiro, e no sábado, no Sesc Garanhuns. Em outubro, Prazer em conhecer deve chegar ao Recife e a Arcoverde. "Estou me preparando para a homenagem como se fosse para uma estreia. Do mesmo jeito, iria visitar uma amiga de infância para a gente comer pirão juntas", compara a atriz, com a simplicidade de quem veio do interior do Nordeste e soube vencer as adversidades.


Até chegar às 280 páginas do livro, Fernandino Neto perdeu as contas de quantas vezes entrevistou Prazeres. "Tenho mais de 50 fitas gravadas", contabiliza o jornalista. O livro tem 30 páginas dedicadas às fotografias. "O livro traz aspectos sobre a minha pessoa que os outros desconhecem", confessa Prazeres, que construiu um teatro para 150 pessoas em Caruaru. "Estamos vendo se o espaço será tocado pela Fundação de Cultura, oferecendo cursos de artes", adianta.

Prazeres Barbosa tinha acabado de gravar sua participação na minissérie global A pedra do reino quando o então estudante de jornalismo Fernandino Neto se interessou por sua história. "Era uma pessoa madura, de Caruaru, conquistando espaço na maior emissora do país", recorda o hoje repórter do jornal A Vanguarda e autor da biografia da atriz. O primeiro contato com a intérprete se deu em 2007, por telefone. No dia seguinte, ela o receberia em casa. "Primeiro, fiz uma grande reportagem sobre ela e consegui publicar numa página inteira da Vanguarda, com ótima repercussão. Depois, decidi aprofundar nosso contato para meu trabalho de conclusão de curso na Faculdade Vale do Ipojuca (Favip) e ela foi muito receptiva", destaca.

Livro- Até chegar às 280 páginas de Prazer em conhecer, editado pela Bagaço e com tiragem inicial de mil exemplares, Fernandino Neto perdeu as contas de quantas vezes entrevistou Prazeres Barbosa. "A gente sentava por horas e horas, tenho mais de 50 fitas gravadas", contabiliza o jornalista, que também coletou depoimentos com mais de 90 pessoas próximas à atriz, entre amigos, familiares e colegas de trabalho. O livro é ilustrado, com 30 páginas dedicadas às fotografias. "Viajei para Limoeiro, para o Recife e Maceió, no intuito de aprofundar a pesquisa para o livro", revela.



Para construir a narrativa, Fernandino optou por uma lógica não-linear, começando por contar como foi a seleção de elenco de Prazeres Barbosa para Os mercenários, filme de Silvester Stallone rodado no Rio e primeira participação da atriz caruaruense numa produção internacional. "Ela é muito metódica e arquivou tudo que foi divulgado sobre a carreira desde que começou no grupo do Sesc, onde permaneceu por 10 anos. A história dela merecia ser registrada e os fatores foram se sucedendo, parecia um plano do destino para que tudo desse certo", opina Fernandino.

Entrevista - Prazeres Barbosa se considera uma eterna sonhadora. Prestes a completar 61 anos, no dia 2 de outubro, ela garante que se sente como se tivesse apenas 16. Há três anos morando no Rio de Janeiro, onde é contratada pela Rede Globo, está no elenco de Tropa de elite 2, a ser lançado em outubro, e se prepara para estrear uma peça de teatro, a atriz caruaruense está em estado de graça. Uma biografia detalhando sua vida e obra será lançada em três cidades pernambucanas, a partir desta quinta-feira (23).




Primeiro hoje, na terra natal da intérprete, no Teatro Rui Limeira Rosal, do Sesc; seguindo amanhã para o Galpão das Artes, em Limoeiro e no sábado, para o Sesc Garanhuns. Em outubro, Prazer em conhecer, escrito pelo conterrâneo Fernandino Neto, deve chegar ao Recife e à Arcoverde. "Estou me preparando para a homenagem como se fosse para uma estreia. Do mesmo jeito, iria visitar uma amiga de infância para a gente comer pirão juntas", compara Prazeres, com a simplicidade de quem veio do interior do Nordeste e soube vencer as adversidades e o preconceito do mercado, pois só abraçou as artes cênicas aos 32 anos, depois de meio século atuando como professora.



Saiba um pouco mais sobre Prazeres Barbosa na entrevista a seguir.

Como você se sente com esta homenagem através da biografia?

Estou muito feliz, pois foi um gesto de carinho grande da parte de Fernandino (Neto, o autor do livro). É raro ser biografada em vida e ele poderia ter buscado outras personalidades. Afinal, comecei muito tarde, aos 32 anos, depois de ter passado mais de 25 anos em sala de aula. Sou as duas profissões de corpo inteiro. De alma, coração e vida. Mas como professora sou aposentada pelo estado. Chorei lendo a parte sobre meus tempos de ensino. Não sabia como as pessoas me viam e foi um deleite para a alma. Descobri que era atriz fazendo A pena e a lei, sob o comando de Severino Florêncio, no grupo de Teatro do Sesc de Caruaru. Foi a minha escola, a minha orientação. Foi dali que consegui mais visibilidade, até seguir carreira nacional.

Quem foram seus principais mestres?

Além de Severino Florêncio, teve o José Manoel Sobrinho, que é outro pai dos artistas, tem uma bagagem enorme a oferecer. Didha Pereira, que me colocou pelo avesso em Fiel espelho meu. Romualdo Freitas, de Arcoverde, que me dirigiu em Valsa Nº 6. Eles me deixaram um marco de conhecimento, de embasamento, devo minha trajetória a eles.

Como surgiu o convite para trabalhar no Rio de Janeiro?

Tenho muito orgulho de Caruaru, sou bairrista. Mas a ideia de permancer lá comecei a amadurecer em 2004, quando fiz o cadastro da Globo depois de participar do filme A máquina. Um ano depois, vieram os primeiros convites, para participações na Diarista e A pedra do reino. Meu primeiro papel fixo foi na novela Duas caras. E as pessoas me aconselharam a me mudar para o Rio. Fui com tudo pago pela Globo, fiquei hospedada num apart hotel por conta deles por oito meses, com vista para o mar, na Barra da Tijuca. E fui sendo chamada para outros trabalhos. Continuei acreditando, investindo e ganhei de volta respostas inexplicáveis, insondáveis. Não tenho nada a reclamar sobre a ascensão do meu trabalho. Faço tudo com muito carinho e dedicação.

Quais os seus trabalhos mais recentes?

Fiz A favorita, Malhação, Cama de gato, Por toda a minha vida sobre Chacrinha, a Shirley de Duas caras. Um papel pequeno no filme de Stalone e estive também no filme Chico Xavier, como uma analfabeta que vai com receita para ser psicografada e recebe de presente um relógio de ouro. Em outubro, tem a estreia de Tropa de elite 2, onde faço a Dona Olga, moradora da comunidade que aluga casinhas e explora os outros. Mais do que isso não posso contar, para não estragar a surpresa. Fiz a Rondônia, de Tempos modernos, e estarei na próxima novela das sete, que sucederá Ti-ti-ti. Por enquanto, só posso dizer que a trama é de Walcyr Carrasco e o nome de minha personagem é Durvalina. Pedi a Deus uma beirinha de oportunidade e ele me deu um personagem. Risos. Também estou ensaiando Coiteiros, de Luiz Felipe Botelho.

Como surgiu sua amizade com a comediante Fabiana Karla, que também é pernambucana?

Somos quase vizinhas lá no Rio. Nos conhecemos durante as filmagens de A máquina. Somos parceiras, amigas. Fiquei hospedada na casa dela quando fui gravar A diarista. Hoje, nos encontramos pouco, porque Fabiana trabalha muito e eu também. Mas quando nos vemos, é uma festa.

Quais são seus planos para o futuro?

Estou como prova viva de tudo que aconteceu e Fernandino foi uma grande luz em minha vida neste momento. Vou continuar arquitetando, me arriscando. Construi um teatro para 150 pessoas no mesmo local onde morei minha vida inteira, a Rua Barreiros, no bairro do Caiucá. Senti a necessidade de erguer uma sede própria para abrigar a gama de jovens que fazia parte da Cia Prazeres Barbosa. Consegui colocar a obra para a frente entre choros e barrancos, com a ajuda dos amigos. Agora, estamos na fase de legalizar a papelada. Penso em transformar parte do espaço num museu sobre minha carreira. Se ninguém quiser, depois é só tocar fogo. Falando assim, tem horas que parece que tou perto de morrer. (Risos). Mas pela hierarquia da minha família, ainda me restam uns 30 anos para fazer besteira.

Por Tatiana Meira, do Diário de Pernambuco
Matéria publicada no portal:
www.pernambuco.com

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